Belmiro de Azevedo: O Sábio

Belmiro de Azevedo (fonte: Expresso)
No Clube dos Pensadores em Vila Nova de Gaia, o sr. Belmiro de Azevedo (75 anos de idade), guru do negócio da Distribuição em Portugal, contou para quem quis ouvi-lo que criou o seu império à custa da opressão e exploração de quem o ajudou a amealhar a sua fortuna. 
Acrescentou, ainda, que os empresários e os gestores portugueses (ele incluído) eram um bando de incompetentes porque não conseguiram incutir na mente do trabalhador português o desejo de trabalhar com afinco a troco de um salário miserável.  

Vamos pensar neste enigma: a produtividade rima melhor com miserabilidade ou com dignidade?
O leitor dirá que isso depende a quem se pergunta: se fôr a alguém cuja mentalidade ficou parada no século XX; responderá que ela rima melhor com a miserabilidade quando, tal qual um timão, a figura do medo da perda de trabalho se instala sobre a alma do trabalhador; mas se fôr a outrém, cuja mentalidade prima pela capacidade de entender que é intrínseca a relação entre a sobrevivência (e complexidade do espírito capitalista) e o apaziguamento dos medos e fantasmas do trabalhador; rima melhor com dignidade. Pois é; não é?

Pois bem, lembro-me que, na minha meninice, o avô nunca era beijado na face mas sim na mão; porque era uma figura de respeito e reverência. 
O meu vôvô não era tido só como um apaziguador das querelas familiares, mas era-lhe, também, reconhecido o dom de transmitir o conhecimento; coadjuvando-nos, ao mesmo tempo, no exercício do entendimento do mesmo, devido à sua incalculável sabedoria.
Peço-vos que leiam o artigo do jornal Expresso que por sinal transcreveu, na íntegra, as palavras do bom engenheiro.
Ficou bem estampado que os muitos afazeres no conselho de admnistração da Sonae estão a toldar-lhe o raciocínio. Caríssimo Mirito, nada é barato: nem a produtividade de um trabalhador (aqui no Etnias sugeri que o salário minímo fosse de €1.000 - sou doida bem sei...); nem os transportes públicos; nem a educação das crianças; nem a renda ou hipoteca duma casa e tudo o que esta acarreta; nem nenhum dos produtos transaccionados no seu vasto império (já agora: parabéns, pelo seu sucesso); nem mesmo o clima que o senhor clama ser à borla – pense global, e verá por esse mundo fora, a chacina causada pelo clima. 

Caro Mirito, reitero que nada é barato e sabe-o muito bem; porque até você, lá no fundo do lóbulo esquerdo do seu cérebro, gostaria que o sr. Mexia da EDP baixasse o preço da electricidade; que o sr. Bava (o Gestor de mais este ano) não lhe fizesse tanta mossa, (pois assim, escusava de gastar tanto com a pub); gostaria, também, que o preço da água não pagasse taxas excessivas (embora, eu suspeite que nos seus empreendimentos tenha uns poçitos subterrâneos); como vê nada é barato; got it...?

Bom, caro leitor, era só para lhe dizer que o sr. Belmiro de Azevedo, em Moçambique, seria um daqueles a quem as pessoas gostariam de se dirigir para pedir conselhos. Contudo, através do jornal Expresso fiquei a saber que um cidadão sénior e experimentado pode também ser bacoco.

Viva o trabalhador dedicado, leal e honesto...!!!

Comentários

  1. Olá Lenny,

    Que vergonha ainda haver, em Portugal, gente a advogar um capitalismo primário no século XXI. Sei muito pouco deste cavalheiro, de Azevedo, mas a sua intervenção foi de um mau gosto terrível.

    Claro que produtividade rima melhor com dignidade; até porque há umas quantas empresas Portuguesas que já provaram que pagando bem os trabalhadores produzem de modo super satisfatório. Ganha o patrão e ganha o trabalhador - há um equilíbrio; enquanto que a promoção de desequilibrios (neste caso, ganhar o patrão somente em detrimento do trabalhador) causa o caos...como agora se vê bem.

    Bom trabalho, Lenny :D.

    Beijocas

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    1. Hey, Max!

      Eu fico desapontada quando, um pilar da sociedade portuguesa faz dissertações ofensivas, para que os holofotes se virem sobre si.
      Os jovens empresários haveriam, com certeza, preferido que, o sr.Belmiro de Azevedo, segundo a sua experiência, lhes tivesse dito quais os erros a evitar durante a escalada e, o que fazer para se consolidar.
      Como diz o provérbio africano "é preciso uma aldeia para criar uma criança", eu digo que: tudo o que é preciso é uma comunidade para elevar um país.
      Obridada, pelo teu comentário e bom fim-de-semana!
      Bjcas

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    2. Lenny,

      Concordo: tudo o que é preciso é uma comunidade para elevar um país mesmo. Quando irá a comunidade Portuguesa acordar e aperceber-se disto para que se cumpra, de uma vez por todas, Portugal?

      Beijocas

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  2. Quantos anos tem este senhor? Sim, poderia ir ao Wiki mas não tenho tempo...de qualquer maneira a sua forma de pensar é absoleta! O que me espanta é os Portugueses ainda o convidarem para falar!
    Olha, tenho de ir: Shabbat Shalom!
    Fui!!

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    1. Hey,hey,hey...!

      Tem idade suficiente para ter bom senso, mas acho que, as suas 75 primaveras lhe concedem, a prerrogativa de ser vaidoso! É convidado porque as pessoas acham que. ele faz parte do grupo dos homens sábios.

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