A Importância do Verbo na Política

Conversa Confidencial de Quiringh van Brekelenkam

Comunicar, comunicare, communiquer, communicate, übertrag, aku kanela, Kuzungumza...

As futuras economias emergentes (i.e. Angola e Moçambique) negaram-se a aderir à imposição do novo Acordo Ortográfico redesenhado pelo Brasil e Portugal.
Eu, como os meus caros leitores já devem ter reparado, sigo a linha de orientação daqueles dois gigantes. A minha renitência deve-se ao facto de pensar que a diversidade faz de mim uma cidadã do mundo; depois, deve-se ao facto de adorar os sotaques dos vários povos falantes da língua lusa. Fascinada fiquei quando descobri que os Brasileiros usavam a trema na sua escrita; pasmou-me o facto dos Vera Crucenses terem eliminado as consoantes mudas; logo aí a minha mente começou a fazer conjecturas: teria sido uma questão de distanciamento político com a potência colonizadora (tal como Portugal fizera quando elaborou o seu código linguístico para se diferenciar do Reino de Castela)? Ó pá, a minha resistência a tal mudança não se deve a muito senão a honrar aqueles que com generosidade me transmitiram conhecimento, mesmo quando por cada erro, tivesse sido obrigada a reescrevê-lo dez vezes.
Finalmente, acho que deveriam ter feito um referendo, porque a esses pobres de espírito que, em nome da conveniência política e do facilitismo barato, pensam que podem mexer com as memórias dos povos; aos mesmos digo “NÂO!” porque o meu laço línguistico, gestual, mental, e emocional é de matriz latino-lusitana.

Comunicar é um processo mais ou menos como a torre de Babel; é um acto que em caso de desarreigamento extremo, uma só palavra poderá indicar similitude espiritual e, em consequência, a suplantação do afligimento ou, inversamente, o desdém.

Pedro Passos Coelho, enquanto candidato a líder do PSD (Partido Social Democrata), durante uma entrevista na RTP, utilizou o imperfeito do conjuntivo com o imperfeito do indicativo em vez do condicional. Ora, uma eleitora fiel do PSD, na altura, confidenciou-me que iria votar no CDS-PP (Centro Democrático Social-Partido Popular) porque um líder que ignorava uma simples conjugação do verbo, não merecia o seu voto.
Tentei dissuadi-la, argumentando que o CDS por si só nunca seria governo, ao que ela retorquiu dizendo que manteria o seu voto útil no PP, porque não confiava na habilidade de Passos Coelho de, nesta altura de crise, conseguir catapultar o Povo Português a lutar juntamente com ele, para que todos pudéssemos sair deste abismo derreados mas não a lamber chão.

O PM Passos Coelho esteve no Congresso do PSD-Madeira, no Domingo passado, e pareceu-me cansado e baço; tanto assim foi que não fixei quase nada do que ele por lá disse, porque no fim da sua oratória fiquei desconcertada com o seu tímido “Viva a Madeira”; direi mesmo que foi um sussurro e para me baralhar ainda mais não disse de pulmões cheios e embargo na voz: “Viiiivvvva Porr..tugal ...!!!”
Boquiaberta telefonei à minha dilecta amiga e amargamente confessei-lhe que a sua percepção acerca do nosso PM fora acertadissíma, ao que ela respondeu dizendo: Communication is a bitch, darling! 

Comentários

  1. Eita, eleitora radical, hein? Uma purista, sem duvida alguma. Tb sou contra o acordo, mas julgar um politico pela forma como fala portugues? Uau...

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    1. Olá,Anónimo!
      Essa pessoa é super interessante, para ela é tudo uma questão de comunicação.
      Obrigada pelo seu comentário

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  2. Olá Lenny!

    Bem, toda a gente que me conhece sabe bem que não concordo com o novo AC - o que está bem patente na minha ortografia. Gosto da diversidade na Lusofonia e, por isso, sou totalmente contra a uniformização da Língua Portuguesa (os Brasileiros não querem ser Portugueses, e estes não querem ser Brasileiros, Moçambicanos etc).

    Quanto ao PM Passos Coelho: também o considero baço. Não é o líder que pensei que fosse ser...e pensar que votei nele. Mas enfim, ao menos o seu governo está a tentar fazer coisas positivas pelo país (está a ser difícil? Está, mas é um pequeno preço a pagar pelo futuro de Portugal).

    Beijocas e good job!

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    1. Olá, Max!
      Tens razão, cada um dos seus Ministros está a desempenhar o seu papael, o melhor que pode, dadas as circunstâncias.
      Se calhar, nesse dia, não estivesse a sentir-se bem; oh well...
      Tudo o que posso dizer é: viiiivvva Porr..tugal...!!!
      Bjcas e obrigada!

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  3. Ahahahah gosto da tua amiga, Lenny - mulher de garra. Epá, também não sigo o acordo ortográfico que considero uma cuspidela na Língua Portuguesa com tradição Latina: evolução, sim; deturpação, não.
    Esperava que este governo fosse acabar com essa infâmia mas esta direita está torta, e já estou pissed com o governo...próximas eleições: votarei no partido monárquico!

    Viiiiivvvvvvaaaaaa Porrrtuuugaaaaallll! Viva o Rei!

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  4. Hey, girl!
    Dizem, os cientistas, que a mente precisa e necessita de ser estimulada; mas este Acordo é entorpecedor.
    A direita em Portugal é hilariante e amarela.
    Talvez, eu vote também no PM. Lol, lol, rofl...
    Viiiivvvvaaaa porrrtuuugaaaaallll! Viva o Povo!

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