O Irão acusa os EUA e os aliados do Golfo de estarem por detrás do ataque ao Desfile Militar, em Teerão, no passado Sábado. A Rússia ainda está a tentar culpar Israel por ter deitado abaixo um dos seus aparelhos espiões na Síria. É demasiado barulho, por isso, o que é que se está mesmo a passar ali?
A Iminente Queda Iraniana
Um aparte: parece estar-se a criar a tendência para atacar Desfiles Militares (primeiro na Venezuela e agora no Irão; quem será o próximo?).
É sempre mais fácil culpar os outros pelas suas próprias falhas e azares ao invés de assumir a total responsabilidade pelos seus actos, e mudar. Este é o caso do presente regime iraniano: em vez de admitir que tem um problema interno que precisa de ser resolvido, Teerão opta por aplicar a obsoleta fórmula de culpar forças externas – isto não só revela cobardia como também pânico (o Irão sabe que o barco está prestes a afundar-se). Esta admissão pública de medo é uma enorme oportunidade para atacar os alicerces do Regime Revolucionário.
O Regime Revolucionário Iraniano tem muitos inimigos domésticos que buscam a sua queda:
- Os Grupos de Secessão Curdo-iranianos
- O Grupo Separatista de Baluch
- O Movimento Patriótico da Democracia Árabia (outro grupo separatista)
- O Movimento da Luta Árabe para a Libertação de Ahwaz (outro grupo secessionista)
- E outros...
Com tantos, dentro do seu território, a tentarem depôr os Ayatollahs, porquê ser preguiçoso e envolver forças externas que precisam de fazer muito pouco para além de esperar para ver qual dos grupos deitará o Supremo Líder abaixo? O Governo iraniano é brutalmente autoritário, oprime mulheres e a juventude, é negligente quanto aos interesses do povo (i.e. em vez de investir na economia do país, usa os fundos da nação para financiar Terrorismo à volta do mundo), é corrosivamente corrupto e é uma absoluta ameaça à humanidade – e se a Rússia pensa que está imune à ameaça iraniana, Moscovo deveria pensar de novo.
Não é segredo que os EUA, Israel e os Estados Árabes do Golfo (com a excepção do Qatar e talvez do Dubai) querem ver a actual liderança iraniana dali para fora; e até pode ser verdade que estes países tenham apoiado os grupos que atacaram o desfile militar, em Ahwaz, no passado fim-de-semana (ou com fundos, com treino ou mesmo com armas) mas será que alguém os poderá condenar? Afinal, Teerão financia, treina e arma vários grupos terroristas no Médio Oriente, em África, na América Latina e na Europa – por exemplo – por isso, o que faria o Irão pensar que não haveria retaliação? Ao que parece, o Dia do Ajuste de Contas chegou para o Irão (e todos os seus cúmplices).
O J’Accuse Russo Revela um Segredo
Foi deitado abaixo um Avião Espião Russo na Síria.
Primeiro Ângulo
O Avião de Vigilância Militar foi atingido pelas Forças Sírias – provavelmente porque os sírios acreditavam ter atingido um avião israelita – mas ao invés de admitirem o erro em público, Moscovo decidiu acusar o Estado Judaico de ter matado 25 dos seus operacionais e ameaçou alterar o estatuto das relações diplomáticas entre os dois países.
Mas estas acusações distraem o mundo de algumas questões relevantes:
- O que é que está exactamente em Latakia, para além da Base Russa?
- O que é que Al-Assad está a esconder ali que tivesse que impedir que os Israelitas vissem e atingissem?
- Estamos a falar de um arsenal de armas químicas – e de quem são essas armas?
Se a Rússia está a participar do jogo e a fazer acusações infundadas (a ponto de fazer campanhas Anti-Semitas na frente doméstica) então temos mesmo de fazer perguntas difíceis:
- Terá sido o acordo de 2015, feito entre Vladimir Putin e a Administração Obama, violado (lembram-se quando o Secretário de Estado John Kerry disse “Fizemos um acordo em que tirámos 100% das armas de lá para fora”)?
- Estamos a falar das famosas armas químicas do Saddam (as ADMs que espoletaram a Guerra do Iraque em 2003)?
- Estará a Rússia a esconder um arsenal de armas mais sofisticadas na Síria?
- Se a Rússia estiver a esconder armas com destino a Bashar al-Assad, porque iriam os russos e o Presidente sírio escondê-lo de Israel (dada as relações Rússo-Israelitas)?
- Terão essas armas como destino os inimigos do Estado Judaico? Isso poderia ser um problema.
Segundo Ângulo
Também poder-se-ia dar o caso do Avião Espia Russo estar a fazer operações perigosas como colectar informação que iria mais tarde servir de moeda de troca, por exemplo, com o Irão (que muitos em Moscovo consideram ser um aliado contra os EUA e o Estado Judaico) – afinal, isso é o que os países fazem – mas se fosse esse o caso, então seria irresponsável da parte de Israel, ou mesmo dos EUA (que tem quatro navios de guerra à beira da Síria - USS Ramage, USS Mahan, USS Gravely e USS Barry) ignorar essa ameaça. Mas já que o Kremlin não pode admitir, nem admitirá, qualquer uma das suas actividades ou mesmo falhanços, ele prefere jogar uma cartada antiquérrima: campanhas de difamação como um aviso a Israel – quem muitos consideram ser um proxy Americano.
Em Política, tal como na vida normal, nada é o que parece ser. Mas quando há demasiado barulho, geralmente significa manobras de diversão para impedir que outros façam as devidas perguntas. Israel demonstrou que não fez o ataque, mas ao mesmo tempo não negou ter tido Latakia em mente. Os EUA estiveram relativamente calados acerca do assunto. Há algo no ar – estaria a Rússia a espiar em activos americanos?
Comentários
Enviar um comentário
O Etnias: O Bisturi da Sociedade™ aprecia toda a sorte de comentários, já que aqui se defende a liberdade de expressão; contudo, reservamo-nos o direito de apagar Comentos de Trolls; comentários difamatórios e ofensivos (e.g. racistas e anti-Semitas) mais aqueles que contenham asneiras em excesso. Este blog não considera que a vulgaridade esteja protegida pelo direito à liberdade de expressão. Cumprimentos