A Múltipla Estratégia Russa para a Síria e Os Alvos Israelitas do Pres. Abbas


Na semana passada, deram-se dois acontecimentos interessantes, a nível internacional, que captaram a nossa atenção: a retirada russa da Síria (o Presidente Putin anunciou que já foram atingidos os objectivos do seu país) e a ameaça que o Presidente Abbas fez a alvos-chave israelitas.

Retirada Russa

Há uma semana atrás, a Rússia começou a retirar as suas tropas da Síria. O Washington Post (Wpost) descreve como ocorreu a retirada e oferece razões convincentes do porquê que a Rússia decidiu dar tal passo naquele preciso timing. Da minha parte, pensei em complementar a análise feita por todos com a minha.

I – Apreciação da Moeda

O anúncio de Vladimir Putin fez com que o rublo apreciasse (por +1%). Os peritos económicos explicaram o porquê disto tudo e por que é que não é necessariamente mau para a Rússia; mas pouco, ou nada, se mencionou o facto de que o rublo também possa ter apreciado por causa do aumento das exportações russas, nomeadamente de produtos militares.

A Rússia usou a guerra civil síria por várias razões (aumentar a sua influência no Médio Oriente, mostrar a Washington que tinha mais influência na região; mostrar que o Presidente Putin era um líder mais forte que o Presidente Obama, que a Rússia era mais capaz no combate ao ISIS do que a América, que as sanções impostas pelo Ocidente [derivadas da crise ucraniana] não haviam afectado assim tanto a Rússia; levar o Ocidente a eventualmente aliviar as aquelas e a remover os blocos de isolamento etc) mas a principal razão foi para demonstrar a eficácia das suas novas armas, para assim atrair mais clientes.

Por exemplo, desde que a Rússia se envolveu na guerra da Síria, a procura do sistema de defesa anti-míssil S-400 aumentou: China (6 baterias), Índia (5 baterias) e o Irão (1 bateria [?]). A procura do sistema S-300 também subiu: Irão (número não especificado), Egipto (4 baterias), Líbano (número não especificado) e Síria (por volta de 4 baterias). Estamos a falar de negócios que rondam os milhares de milhões de dólares – certamente um dos resultados das sanções impostas à Rússia que tiveram mais repercussões do que aquelas previstas pelo ocidente.

II – Mudança de Táctica

Por detrás da retirada russa poderá estar a decisão de usar mais as suas forças especiais (uma tendência no universo militar de hoje). Ao mesmo tempo, o Presidente Putin poderá ter decidido que iria apoiar Bashar al-Assad de uma maneira diferente: lutando contra a Turquia. Desta declaração, não se deve inferir que a Rússia travará uma guerra aberta contra os turcos, não – o que a Rússia poderá fazer é voltar a utilizar uma táctica soviética de outsource terroristas que levem a cabo ataques terroristas no território turco para desestabilizar a economia do país e o tecido político. Por uma questão de conveniência, a Turquia aponta sempre para o PKK como o autor de ataques terroristas; contudo, ela parece não querer perceber que a Rússia tem um interesse em apoiar a Causa Curda para aumentar ainda mais a sua influência no Médio Oriente.

Um sinal de que a Rússia poderá não está inteiramente a fazer uma retirada da Síria é o facto de estar a deixar ficar o seu sistema de defesa anti-míssil S-400 – como um aviso para a Turquia e talvez para a coligação liderada pelos EUA, que possam sentir-se tentados a forçar uma mudança de regime “por acidente”.
Quando virmos que o componente político irá para a frente com sucesso, e o exército sírio e a polícia são capazes de destruir as bolsas de terrorismo na Síria por si só, então talvez venhamos a pensar no S-400 (e na sua remoção) - Viktor Ozerov (Chairman da Comissão de Defesa e Segurança, da Câmara Alta, do Parlamento Russo)

Coloca-se, por outro lado, a questão se a decisão russa não terá também tido a ver com o intel adquirido durante o interrogatório da terrorista que decapitou uma bébé de 4 anos que estava a seu cuidado – foi noticiado que a mulher era esquizofrénica mas e se não fôr? E se, na verdade, ela tiver partilhado planos que o ISIS tivesse para a Rússia devido ao seu envolvimento directo na guerra civil síria?

O Presidente Abbas Indicou Alvos Israelitas

O Presidente Mahmoud Abbas deu uma entrevista cómica, dúplice e insidiosa, a um veículo noticioso do Kuwait onde ele disse estar determinado a parar com a luta contra Israel. O Sr Abbas foi muito cuidadoso na selecção das palavras para consumo árabe e ocidental.

Para audiência árabe utilizou vocabulário como “luta” (como parte integrante da táctica de vitimização árabe, para invocar o tal Nakba), “libertar a Palestina” (i.e. a luta contra a tal ocupação) e “atacar Palestinianos” (para justificar a sua agressão contra Israel já que o Al-Corão diz que o muçulmano não pode ser agressivo uma vez que All'ah não gosta de agressores, mas se o muçulmano sofrer agressão então poderá responder à letra).

Para a audiência ocidental empregou palavras como “determinado a parar com a luta violenta” (i.e. ele não quer a violência, ainda que a incite e está empenhado na paz – agora passa para cá os dólares, por favor), “2000-2005...luta violenta” (em vez de segunda intifada), “seremos capazes de libertar a Palestina eventualmente se o estado for gradualmente construído, tijolo a tijolo” (guerra de desgaste contra Israel – i.e. Terceira Intifada ainda que de um modo diferente), “insurreição popular pacífica” e “protestos em massa e manifs contra a ocupação” (i.e. matar Judeus praticamente todos os dias com facas e atropelamentos desde Outubro).

Mas o que realmente é espantoso acerca da insídia do Pres. Abbas é a ameaça velada contida numa mensagem críptica:
Estamos agora envolvidos numa insurreição popular que inclui protestos em massa e manifs contra a ocupação. Estou interessado em iniciar negociações directas com qualquer figura israelita – seja um MK israelita, um judeu Ashkenazi ou um judeu Sefardita.
Uma estrutura bastante interessante, n'est-ce pas? “Insurreição popular” (intifada), “em massa” (invocar todos os árabes na Palestina), “ocupação” (inimigo), “Estou interessado” (Estou a ordenar), “negociações directas” (ataque directo), “com” (contra), “qualquer figura israelita: seja um MK israelita, um judeu Ashkenazi ou um judeu Sefardita” (seja um Membro do Knesset judeu, ou o Rabbi Chefe Ashkenazi ou o Rabbi Chefe Sefardita – escolham e procedam ao ataque). O que terá desencadeado tal selecção de alvos? Porque quererá a OLP silenciar Rabbis: mando de quem e em troca de quanto?


הֵילִילוּ, כִּי קָרוֹב יוֹם יְהוָה; כְּשֹׁד, מִשַּׁדַּי יָבוֹא

“Uivai porque o dia do Senhor está perto, vem do Todo Poderoso como assolação.” - Isaías 13:6


(Imagem Perante uma Capturada Trincheira Russa - László Mednyánszky)

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

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