Trinidad e Tobago: do Jamaat al-Muslimeen ao ISIS


Trinidad e Tobago (T&T) tem estado sob a ameaça do Islão Radical há anos; mas nós raramente ouvimos falar disso, o que é incrível dada a sua localização próxima aos Estados Unidos da América – o principal alvo da Jihad Global.

Perfil Rápido
Trinidad e Tobago é composta por duas principais ilhas (que portam o nome do país) e outras pequenas ilhotas (e.g. Little Tobago e Ilha de St Gilles), e está localizada a 11 km da costa Venezuelana, fazendo fronteira com as Caraíbas a norte.
A República de Trinidad & Tobago é o terceiro país mais rico nas Américas, segundo o GDP/capita, depois dos EUA e do Canadá. O Banco Mundial reconheceu o país como uma economia de rendimento alto (primariamente industrial).
Riqueza Nacional: petróleo e gás natural
População: 1.223.916 (estimativa de 2014)
Língua Oficial: Inglês
Religião: 57% Cristãos, 18,1% Muçulmanos, 7,3% Outros, 13,3% Nenhuma
Moeda: Dólar de Trinidad e Tobago
Fuso Horário: UTC-4; DST não se aplica
Política: Sistema de dois partidos e Sistema Parlamentar bicameral baseado no Sistema de Westminster. Cabeça de Estado: Presidente. Cabeça de Governo: Primeiro-Ministro.
Relações Externas: vota independentemente mas não é raro apoiar posições dos EUA e da UE.
Forças Armadas: Forças de Defesa de Trinidad e Tobago, que é uma das maiores forças militares das Caraíbas anglófonas.

T&T e a Jihad Global
Este pequeno país não tem estado imune a actividades jihadistas, provavelmente devido à sua localização estratégica (perto tanto dos EUA como da Venezuela). Grupos Islâmicos têm estado a tentar estabelecer-se em T&T afim de converter cristãos e de receber os seus irmãos oriundos do estrangeiro (ou para ali se fixarem ou para passarem para a Venezuela – um país conhecido por abrigar uma variedade de grupos terroristas islâmicos, tais como o Hezbollah; e onde Operativos Islâmicos de T&T [financiados pela Frente Islâmica, Waajihatul Islaamiyah] treinam antes de viajarem para a Síria ou antes de penetrarem noutros países da América Latina).
A liderança trinitense está bem ciente desta realidade aterradora e o seu empenho no combate ao terrorismo valeu-lhe a assistência americana na luta contra o terrorismo islâmico (particularmente quando um nacional de T&T, um membro do Grupo Muçulmano, tentou comprar armas de assalto e metralhadoras na Flórida, uns meses após o 11 de Setembro).

Operações do Jamaat al-Muslimeen
Jamaat al-Muslimeen (JaM, i.e. Grupo Muçulmano) foi fundado em 1969 por Yassin Abu Bakr – um ex-oficial da Polícia de Trinidad, nascido em 1930, que se converteu ao Islão enquanto estudava no Canadá. Abu Bakr fundou o JaM após se ter inspirado no Movimento Muçulmano Negro Americano. Jamaat al-Muslimeen, em '69, era composto somente por 12 membros; contudo, devido a anos de financiamento do Muammar Qaddafi, o grupo em 2001 já contava com 6.000-7.000 membros (in  Encyclopedia of Modern Worldwide Extremists and Extremist Groups by Stephen E. Atkins, pág. 39). Este grupo ficou famoso, no dia 27 de Julho de 1990, quando tentou levar a cabo um golpe de estado, em Porto de Espanha (a capital).

O Grupo Muçulmano tenta passar por uma organização de Direitos Islâmicos para combater a opressão dos muçulmanos trinitenses, mas a história e os dados contradizem essa narrativa já que o JaM está envolvido em actividades criminosas (e.g. tráfico de droga e de armas, raptos a troco de resgate, lavagem de dinheiro e extorsão) e em activismo político.  Em Julho deste ano, membros do grupo fizeram com que a ilha estivesse em alerta máximo devido a tiroteios na capital do país. Para além do mais, relatórios fizeram a ligação entre o grupo e elementos que acabaram nas fileiras do ISIS.
Posto isto, o JaM e, a sua irmã, a Frente Islâmica são mais um exemplo de como grupos de Direitos Muçulmanos servem de fachada para os movimentos de terrorismo islâmico e cujo comportamento nos lembra aquele de grupos como o Hizb ut-Tahrir, o UAWC (Comité da União dos Trabalhadores Agrícolas, sediado em Gaza) e o UHWC (Comité da União dos Trabalhadores de Saúde) – tudo grupos legítimos que dão assistência à e cooperam na prática de terrorismo.

Ligação ao ISIS
Os analistas olham para Trinidad e Tobago e receiam que o Jamaat al-Muslimeen e o Waajihatul Islaamiyah possam juntar-se à Al-Qaeda; pois bem, os seus receios estão bem fundamentados porque ambos os grupos têm estado a cooperar com o Estado Islâmico (ISIS) – um ramo da árvore da AQ.

Em Abril, foi reportado que Trinidad e Tobago foi colocado na lista negra, pela ONU, como um país exportador de combatentes para o ISIS.
O Imã Nazim Mohammed (alegadamente um ex-membro do JaM, que participou na tentativa de golpe em 1990) é o líder espiritual da masjid em Boos Village (em Rio Claro, conhecido por ser uma área de recrutamento) e é suspeito de ser um recrutador para o ISIS. Quando o Trinidad Express entrevistou o Imã, no ano passado, em relação à crença do Ministério de Segurança Nacional trinitense de que ele trabalha para o Estado Islâmico, o Imã Mohammed desviou o assunto ao dizer que se muçulmanos que frequentam a sua mesquita estão a ir para a Síria é porque eles “querem ajudar os seus irmãos e estão a juntar-se à causa.” - analisando bem as palavras-chave empregadas nesta resposta poderemos concluir que o Imã Nazim Mohammed acabou por estabelecer o elo entre o Jamaat al-Muslimeen e o ISIS.

Apareceram vídeos, na web, que mostram trinitenses a ensinarem Crianças a usar AK-47s, nas fileiras do ISIS. Um outro vídeo foi colocado online que mostra cidadãos de T&T, ao lado dos seus filhos, em Raqqa, a explicar as maravilhas da Jihad e quão felizes eles estão por se terem convertido ao Islão; o quanto profundamente sentem ser o seu dever fazer Jihad na Síria e estabelecer o Estado Islâmico.
Sem dúvida alguma, estes vídeos servem para recrutar e inspirar mais cidadãos de Trinidad e Tobago para não só treinarem e viajarem para a Síria, mas também para treinarem e criarem o caos em T&T como parte das ambições da Jihad Global (porque na sua mente, estabelecer o Estado Islâmico no Iraque e na Síria é só o primeiro passo).

Conclusão
T&T é o único país no hemisfério ocidental que já sofreu uma insurreição Islâmica, apesar da sua ínfima população muçulmana. Logo, é bastante útil olhar para este país mais de perto, porque ele é um bom exemplo para os países que estão a abrir as portas a números massivos de migrantes muçulmanos (muitos dos quais com documentação falsa); uma vez que se Paris foi atacada por somente 2-4 terroristas (em Janeiro) e 8-14 terroristas (na passada 6ª feira),  agora imaginem o que 6.000-7.000 elementos (e o ISIS declarou que já conseguiu infiltrar 4.000 dos seus operativos na Europa) não serão capazes de fazer, quando acabarem de organizar as suas respectivas células.

Quando olhamos para o que está a acontecer à volta do mundo, não conseguimos evitar pensar nas palavras do PM Modi “O Terrorismo está a tomar novas formas e novos nomes. Nenhum país, grande ou pequeno, no norte ou no sul, este ou oeste, está livre da sua ameaça.”


(Este artigo foi escrito em colaboração com Cristina C. Giancchini)


(Imagem: Bandeira de TT Ed. - Google Imagens)

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