O Silêncio é de Ouro

Silêncio de John Henry Fuseli

O segredo é vital.
O palco político tem vindo a ser corroído, ao longo dos anos, pela ideia generalizada de que há sempre alguém pronto a divulgar tudo o que ouve ou vê. Não há nada mais triste (ou mais irresponsável) do que pertencer a um comité ou a um gabinete e depois vazar informação secreta para a imprensa.
Contudo, vejo uma luz ao fundo do túnel: a Administração Obama conseguiu planear, organizar, implementar e controlar uma operação militar com sucesso, no segredo dos deuses, durante 6 semanas.

Uma vez ouvi alguém dizer que um segredo conhecido por duas pessoas não era mais um segredo. Será que este pedaço de sabedoria é assim tão linear?
Para que um segredo persista, são necessárias pelo menos duas partes e isto não implica necessariamente uma quebra de secretismo. Por exemplo: dois adúlteros mantêm um segredo que não partilham com mais alguém; um indivíduo muda de identidade a apesar da sua mãe o saber ela permanece em silêncio; um vizinho é visto a matar e a enterrar um cão, dois irmãos testemunham o acto e não dizem coisa alguma a alguém; uma pessoa transgride e partilha a transgressão com o seu padre, rabi ou terapeuta (sujeitos à confidencialidade); um grupo de homens possui informação acerca de um determinado indivíduo, segue-o, dita como ele deve viver (ou não), limita os seus movimentos, mas não partilha com viv'alma o porquê disto tudo (o segredo não transpira para fora do grupo)....os exemplos são infinitos.
Um segredo pode subsistir para lá de duas pessoas e de duas partes, se e quando as pessoas envolvidas forem disciplinadas o suficiente para o manter; se e quando as partes incluídas não são dadas à fofoca despropositada; ou até se e quando há um propósito específico para proteger tal segredo.

O silêncio é de ouro.
Não devemos partilhar as nossas intenções e intentos antes de agirmos. Não devemos ameaçar outros (dando-lhes, assim, a planta da nossa estratégia). Não devemos cantar as nossas ideias (antes de as implementarmos) sob pena de alguém as roubar e ser bem sucedido com elas. Não devemos oferecer demasiadas explicações sob pena de vazar informação que aparenta ser trivial mas que no fim se torna extremamente reveladora.

A última intervenção Americana, no Paquistão, fez-me lembrar os bons velhos tempos em que as pessoas sabiam ficar de boca calada e as forças especiais podiam fazer o seu trabalho com sucesso. Também me fez recordar os gloriosos dias em que as forças de segurança Israelitas operavam suavemente para retirar cidadãos em perigo e vingar a perseguição aos seus irmãos e irmãs.
Mazel tov aos US Navy Seals pelo seu trabalho maravilhoso: o Osama Bin Laden finalmente saiu do circuito.
Quero poder também congratular uma nação pequena contudo grande quando o Gilad Shalit voltar para casa.

Comentários

  1. De ouro é seu poste, Max! Palavras sábias, que apesar de referenciarem-se ao silêncio estratégico, devem ser propaladas...

    Mas confesso-te que hoje, eu sinto saudades de tudo!

    Um beijo grande, querida!

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  2. Oi CB :D!

    Muito obrigada, querida!

    Ah, a Saudade...tão doce e tão amaro ao mesmo tempo.

    CB, obrigada pelas lindas palavras :D.

    Um beijão

    ResponderEliminar

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