Mas o Fernando Rocha Andrade Só Pode Estar a Brincar....


O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Fernando Rocha Andrade é uma personalidade um tanto ou quanto intrigante. Pode-se dizer que pertence à classe dos obesos desleixados, pois o homem veste aquelas camisas apertadas, as quais empurram a imaginação a visualizar todas as bolsas gordurosas do seu torso.

Fernando R. Andrade tem aquele look de quem parece estar bem com a sua persona de arruaceiro: tem sempre o sobrolho franzido emoldurado por uma cara redonda tal qual uma pizza mal amanhada, tem uns dedos gorduchos e, quando pretende reforçar uma ideia, ou as suas mãos estão unidas pelas pontas dos dedos ou o seu indicador está em riste; fazendo com que o seu tamanho XXL saia ainda mais realçado.

Fernando R. Andrade é um fiscalista com postura de braço armado dos piquetes da CGTP IN contra os fura-greves. Não duvido da sua capacidade intelectual nem do seu profissionalismo, mas a retórica decalcada e intimidante é um pouquito demais vindo da boca de alguém que detém uma pasta tão importante no aparelho do Estado.

Já percebi – comme il est bon de montrer – que ele gosta de se fingir um revolucionário destemido e pertencente à classe operária: mas qual é o propósito deste comportamento?
  • Querem assim tanto reconquistar os votos da juventude idiota do BE? 
  • Ou esta atitude agressiva e caceteira vai passar a ser uma marca registada do PS de António Costa?

Pois é aqui que essa malta do actual PS – incluindo o Babush – se perde no discurso; e a propósito do famigerado quociente familiar, Rocha Andrade disse:
“Todos os filhos dão despesa e não há razão para considerar que os filhos das pessoas com mais rendimento dão mais despesa, ou pelo menos mais despesas que contam para o sistema fiscal, do que os filhos das pessoas com menos rendimentos”

Senhor secretário proletário, nem sequer irei fingir que entendo a sua ignorância, porque é falso supor que as despesas sejam as mesmas tanto para crianças favorecidas como para as crianças menos favorecidas:
  1. Presumindo que ambos os agregados paguem imposto, os mais favorecidos pagam mais que os menos favorecidos.
  2. Os mais favorecidos gastam mais nas suas crianças em termos de roupa, calçado, educação, saúde, cultura (actividades extra-curriculares) e lazer. Logo, isto beneficia o comércio, a indústria, os designers e seus respectivos trabalhadores e, o estado beneficia do IRC, do IVA; ou seja, a economia gira. Isto não são suposições, são tudo coisas palpáveis. 

Quanto ao pagamento do IRC sobre resultados internos disse:

A. “um pequeno número de entidades empresariais têm resultados internos significativos”

B. “se deixássemos de fazer medidas fiscais porque elas vão ser contestadas pelas grandes empresas, tínhamos de revogar metade dos códigos fiscais”

Na primeira citação pressupõe-se que o grande capital terá de abrir os cordões à bolsa custe o que custar, porque elas têm o dinheiro que foi adquirido de forma legal, mas agora o Estado senhor absoluto precisa desse dinheiro e vai sacá-lo por todos os meios necessários.

Na segunda citação subentende-se que o secretário esteja a dizer às grandes empresas: o vosso capital, os vossos meios de produção e a vossa propriedade são vossos enquanto o Estado assim o permitir; por isso, passem para cá €250 milhões que vos foi permitido arrecadar através de uma qualquer Portaria. Burgueses, neste momento o Estado precisa de apresentar um “budget com neutralidade fiscal” e assim satisfazer as exigências de Bruxelas, das empresas de rating e dos emprestadores de dinheiro. Cooperem e não façam ondas, visto que Estado poderá mudar as regras do jogo num estalar de dedos, e depois ver-se-á quem dita e desdita as Portarias.

Ora bem, estamos em pleno século XXI, numa Europa Comum e de moeda única, as empresas podem mudar-se de um país para o outro sem grandes constrangimentos...capisce, Don Gordini?

Ah... por favor, haja alguém que empreste uma gravata ao Don Andrade! Não quero vê-lo em mais nenhuma conferenza stampa e pensar que ele é o marido da Popota.

Até para a semana
   

[As opiniões expressadas nesta publicação são somente aquelas do(s) autor(es) e não reflectem necessariamente o ponto de vista do Dissecting Society (Grupo ao qual o Etnias pertence)]

Comentários

  1. Olá Lenny,

    LOL epá, a descrição do Secretário de Estado é perfeita. Hilariante, também. O PS deve odiar-nos porque li no Observador que os Socialistas andam atrás de todos os que os criticam, principalmente ao Bully-in-Chief.

    Já se percebeu que este governo, apoiado pelas fêmeas do BE, é adverso ao investimento e às famílias mais abastadas, mais numerosas - porque Deus no Livre que os Portugueses comecem a fazer filhos, a produzir mais contribuintes para o futuro e a garantir uma futura mão-de-obra nacional (afinal sempre poderemos importar imigrantes para explorar).

    É...esta gente não sabe como é que a UE funciona: até estou admirada como é que com tanto MPE português em Bruxelas ainda ninguém explicou as regras ao pessoal em Portugal. Empresas podem mudar-se para países europeus mais atractivos: Irelanda com os seus 12,5% de IRC (que ajudou e muito a sair da crise na qual se encontrava).

    Don Andrade é mais um que copia o Piketty e outros loucos como tal...

    Excelente, Lenny.

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    1. Olá, Max!
      O problema do Syriza português (PS, BE, PCP) é que não aprendeu nada com o que aconteceu ao seu homólogo grego. Este também quis abespinhar-se e até ser sulfuroso contra os que mandam no dinheiro: deu-se mal("money talks and you know what walks...")
      Os Costistas além de representarem o papel de mafiosos da governação, são também uns marialvas calçados com botins de biqueira em metal, que serve para pontapear as empresas lucrativas.
      Isto é o comunismo a dar os primeiros passos em Portugal: vamos ver por quanto tempo.
      Detestam-nos? Está tudo perfeito, pois eu também detesto as suas políticas.

      Shabbat Shalom, Max.

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  2. Ela está de volta!!! Gosto mais destes seus artigos de humor, lenny. Mas pronto, há tempo para tudo não é? Muito bom, muito bom, muito bom! Continue o bom trabalho, sempre.

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    1. Olá, Anónimo!
      Ouvi dizer que a rapaziada do António Costa detesta a sátira, o humor e até o mal-dizer: eles são assim uma espécie de bandalhos terceiro-mundistas que governam África e que se acham acima da crítica.
      Então resolvi pegar na sua aparência e rogar para que a melhore; afinal, a obesidade é um mal público que causa muitas doenças e. a mais terrível são os diabetes. Não queremos dar um rombo no SNS por um descuido evitável; caramba!

      Bom fim de Semana

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  3. Pois, quando se fala de barriga cheia é facil acusar os socialistas. Sim, liberalizem mais a economia, desregulem mais os mercados, flexibilizem ainda mais o mercado de trabalho. Os grandes grupos agradecem. Ainda bem que este governo do Syriza português apareceu, porque os planos do PPC eram exatamente na mesma linha que voce idealiza. É isso que precisa de ser combatido, custe o que custar. Vou entrar agora no mercado de trabalho e a herança que nos é legada é injusta e demonstra a gatunice e o egoísmo das pessoas da sua geração que nos governam, não a pensar nas pessoas mas nos mercados e na maximização do lucro das grandes multinacionais. E olhe que nao sou socialista, sou social democrata. Mas hoje em dia a força politica que mais se aproxima da social democracia é ironicamente o PS e não a corja neoliberal da direita portuguesa (PPC E CDSPP).

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    1. Olá Anónimo,

      Bem-vindo ao Etnias.

      Pela estrutura do seu texto dir-se-ia que entrou para o mercado de trabalho há já algum tempo, sentado em casa, diante do computador, a deixar comentários nas redes sociais a favor do partido socialista. O seu comentário lembra-me alguns daqueles deixados no Observador.

      O 'camarada' não é social democrata coisa nenhuma (mais uma vez demonstrado pela estrutura do seu comentário), talvez queira dizer que é socialista democrático; porque um social democrata entende a importância do liberalismo económico para a liberdade e dignidade do indíviduo, ao mesmo tempo que defende o papel do estado na saúde, na educação, na segurança nacional, e nos serviços estratégicos do país.

      A Direita Portuguesa é neo-liberal? Se por neo-liberal se refere a um novo conceito de liberalismo temperado com preocupação social (e não falo do falso conceito de liberalismo social) em que se cai na armadilha de aplacar a esquerda e criar cidadãos de segunda, então está bem. Mas se por neo-liberal se refere ao renascimento do liberalismo económico, então devo dizer que a Direita Portuguesa ainda está longe de o ser. No dia que o fôr, Portugal será uma potência regional e não um país insignificante que provoca o riso e a condescendência internacional.

      "quando se fala de barriga cheia é facil acusar os socialistas."

      Folgo em saber que nunca viveu num país verdadeiramente socialista, ou mesmo comunista, onde reina a indignidade humana; porque decerto não diria tanto disparate. Realmente é bom falar de barriga cheia.

      Espero que volte mais vezes. A sua opinião conta.

      Cumprimentos

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    2. OLá, Anónimo!

      Estimo bastante tê-lo neste cantinho, chega mesmo a ser prazeroso ter uma voz dissonante para variar.
      Vamos então conversar:
      Falo de barriga cheia com prazer porque vivi debaixo de um regime marxista-leninista, onde as liberdades e garantias dos cidadãos foram simplesmente obliteradas; havia campos de (concentração) reeducação para os dissidentes; ressurgiram doenças que no colonialismo estavam debeladas, havia senhas para a comida; e quem podia ou estava ligado ao aparelho do estado proletário adquiria os alimentos em lojas francas obviamente em dólares.

      Larguei a experimentação revolucionária e vim para Portugal. Aferrei-me à família para os primeiros passos pois nunca cá tinha vivido; lutei, venci, caí e voltei a recomeçar. Nunca até à data pedi um subsídio que fosse ao governo português ou outro qualquer pois também fui emigrante; porque quem me criou (eram funcionários públicos) ensinou-me que só se devia recorrer ao Estado em último caso, que na sua visão era a guerra, e se tivesse bébés e crianças a meu cargo, porque o estado é para dar assistência a crianças pobres, viúvas e orfãos destituídos, velhos sem posses, e doentes mentalmente incapacitados.
      E aqui estou, viúva, mãe de dois filhos, avó de 6 netos e de barriga cheia concerteza.

      Não me debruçarei sobre a lenga lenga do costume dos amargos (liberalismo,neoliberalismo), pois a jovem Maxi (minha chefe) já explicou.
      Vai entrar para o mercado do trabalho? Parabéns e desejo-lhe os maiores sucessos, felicidades e que seja um cumpridor fiscalmente falando: Portugal irá agradecer a sua ajuda.
      "Herança"? Meu caro, só deixarei um mantra aos meus filhos e cª: estudar, aprender, trabalhar, nunca pedir subsídio, nem mesmo o SASE, respeitar os outros e confiar sempre na família.

      "Mercados e maximização de lucros para as grandes multinacionais?"
      Vai ser funcionário público? Então está bem, não tem que se esforçar para nada o seu estará garantido produza ou não.

      Mas se cair na real compreenderá que os mercados e as multinacionais são imprescindíveis: quem iria costear as dívidas soberanas dos países se não fossem os especuladores que ao mesmo tempo gerem essas multinacionais? Quem iria sustentar a maior parte da sociedade civil que trabalha para o privado?

      "Social-democrata"?
      O Anónimo é talvez um socialista-democrata ou científico; mas se algum dia pensou que fosse um social-democrata como acaba de confessar estava enganado, pois o seu perfil é de um socialista e, digo-lhe já, inscreva-se nas fileiras do PS e vote nele para todo o sempre.
      - Um social democrata não é um encosta, não muda os seus ideais por dá cá aquela palha, não é um vendido e nem se deixa comprar por promessas rasteiras.
      - Um social-democrata quando é chamado a sacrificar-se por Portugal dá o corpo ao manifesto (salvo seja) porque sabe que a dignidade de um povo está acima de qualquer esmola que um partido possa prometer aos incautos.
      - Um social-democrata é socialmente responsável porque entende que a redistribuição e a contribuição andam de mãos dadas.

      Meu caro, volte sempre que quiser e talvez me ajude a entender o seu combate; agora tenho 6 socialistas na minha família e por questões de consaguinidade e pelo que passei em Moçambique, não tenho pachorra para tanta lata da parte deles.
      Sendo o Anónimo um anónimo, estarei aqui para debater consigo e talvez possa vir a ser compreensível para com os meus sobrinhos; hey quem sabe?

      Cumprimentos

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  4. HAHAHAHAHA marido da popota? Ai matas-me, lenny. Eu não gosto da direcção na qual portugal se dirige mas estou à espera da queda deste governo a qualquer minuto. O fim do quociente familiar foi a maior burrice que eu já vi, até parece que a taxa de natalidade em portugal é altíssima.

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