Terrorismo Palestiniano: Resultado da Falta de Desenvolvimento Humano?



De Caleb R. Newton

    Por razões práticas, os Palestinianos - enquanto povo e enquanto indivíduos que compõem um povo - têm necessidades tal como todos os povos do globo. As suas necessidades não supridas recaem na categoria de desenvolvimento humano, e incluem coisas como a auto-determinação individual - por outras palavras, liberdade - incluindo verem-se livres de trabalho forçado e afins: menos governo, não mais governo (como a presente expansão da Autoridade Palestiniana para partes da "solução de dois estados" integradas no contexto do conflito Israelo-Palestiniano).

    Existe uma correlação entre as maleitas da sociedade palestiniana e o terror levado a cabo contra o povo israelita. Contudo, correlação não força causação, e o impacto da ausência de desenvolvimento humano nos actos terroristas palestinianos deve ser cuidadosamente articulado. Dizer que a raíz do terrorismo é a pobreza e afins absolve os terroristas da responsabilidade pelas suas acções: "Ó, coitados, são simplesmente uma juventude pobre e frustrada."

    Mesmo assim, os palestinianos vivem, a bem da verdade, sob opressão e precisam de ser libertados da própria liderança e sociedade palestinianas. Essa sociedade está repleta de corrupção e nepotismo, deixando deste modo o palestiniano comum com falta de três coisas que, segundo relatórios, ele mais deseja: um emprego, sobreviver, e melhorar os sistemas de educação e saúde. Reparem que eles não falam do desejo de ter um estado. A partir deste contexto societal, o terrorismo nasce para atingir o povo israelita.

    A pobreza e a falta de desenvolvimento humano são, muito resumidamente, um factor contribuinte para o terrorismo palestiniano, tornado viável pelo Islamismo. O palestinianos não têm muito pelo que viver, em termos tangíveis, e então vem o Islamismo e oferece-lhes uma via por onde poderão ganhar algo com a sua morte. A seguir: terrorismo. A faísca inicial do fogo é o Islamismo, mas o gerador dessa faísca é a sociedade. O fogo arderia menos violentamente se os palestinianos não vissem a sua liberdade ser-lhes arrancada por uma sociedade corrupta - uma praga que assola a maior parte do mundo.

    Um aparte: os palestinianos são uma entidade legítima, tão legítima quanto o povo americano. Se a homogeneidade étnica caracteriza ou não o povo palestiniano ou, mesmo, o povo americano poderá ser considerado irrelevante, porque o que interessa é que cada respectiva entidade representa uma entidade social compacta que forma uma sociedade. O facto da liderança palestiniana se recusar a reconhecer a existência da cultura israelita deverá resultar numa resposta similar? Tal não é apropriado. 

    O contexto, no qual as necessidades palestinianas não são supridas, é similar ao contexto mundial dos países que sofrem de ausência de desenvolvimento humano - o poder, fortuna, recursos e visão estão indevidamente concentradas nas mãos de muito poucos. Mahmoud Abbas e a Autoridade Palestiniana são corruptos, seguindo a tradição do antecessor de Abbas (Arafat), metendo ao bolso milhões de dólares doados pelas Nações Unidas para ajudar o seu povo. Não se pode dizer que a situação seja uma de erosão dos ideais do capitalismo no qual o homem é recompensado segundo o seu trabalho, resultando em situações em que alguns são naturalmente mais ricos e outros mais pobres. Não, o sistema é corrupto e anti-capitalista, querendo isto dizer que a concentração de poder e de fortuna é contranatura.

    A pobreza e a ausência de desenvolvimento humano leva o solo da sociedade palestiniana a receber, como outrora, as sementes do terrorismo. A corrupção da sua sociedade, o nepotismo, conduz à desvalorização da vida do indivíduo. Aos indivíduos não lhes resta nada, a sua liderança não se importa com eles, e a ligação entre eles e a sua sociedade é quase nula. Na verdade, a sua sociedade é tomada pelos líderes e levada a satisfazer a "necessidade de poder" desses mesmos líderes - fala-se portanto de um "horizonte político" em oposição ao horizonte do desenvolvimento humano.

    Tal desvalorização do indivíduo palestiniano contém ainda um outro factor que contribui para o terrorismo: a saliência da mortalidade; isto é, a conclusão de que a morte de uma pessoa é inevitável, conduzindo a um desejo decrescente pela preservação da vida. Os terroristas palestinianos que de bom grado se colocam em situações nas quais possam ser mortos, são uma expressão da rejeição da vida e uma flagrante aceitação da morte. Sendo a morte, em circunstâncias económicas trágicas (que nada têm a ver com Israel), tudo o que lhes resta, e seguido de certas interpretações dos ensinamentos religiosos Islâmicos, eles executam actos violentos de modo a se confrontaram com a sua própria morte. 


(Caleb R. Newton é um Analista de Assuntos Globais, e membro do Dissecting Society. Este artigo foi traduzido por Max Coutinho)

(Imagem: Cavalo Selvagem Deitado abaixo por um Tigre - Eugène Delacroix)

Comentários

  1. Bem, isto parece ter sido inspirado por um artigo do haaretz, não é? Não sei, Max, a mim parece-me um texto um pouco socialista.

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  2. Pá, não sei se concordo com isto. Dos terroristas mais proeminentes nenhum era pobre. E se vamos falar de palestinianos pior um pouco: Haniyeh, Arafat, Mashal, Erekat Saeb etc nenhum deles é pobre, agora é uma questão de ver se eles usam os mais pobres para se matarem, como Arafat fazia com dinheiro do Saddam. Bom artigo.

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  3. I like the Portuguese comments better then the English ones...:)

    No, not a Haaretz article...

    The rich in terrorism definitely use the poor for their own means- very very good point, Ana, that I will apply for the future, the interaction between the rich and poor as opposed to just poverty alone.

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    1. Newton, the English comments are more challenging. The Portuguese speaking individuals are less confrontational (it's cultural). Cheers

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  4. Não há justificação possível para o que estes infiéis fazem! Eles matam porque são assassinos, não porque são pobres, ora essa. Se assim fosse os pobres de portugal e de outros países teriam de começar a matar e não o fazem, não é verdade?

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