Europa: O Retorno do Trabalho Infantil

Roma: Ruinas do Forum - Canaletto

Em primeiro lugar, permitam-me que vos deseje a todos um bom Ano!

Não sei se já repararam que a televisão, durante as festividades, é um entorpecimento, visto que nos são impostos programas susceptíveis de causar SAD (Seasonal affective disorder) na pessoa mais zen.
Vejam só que no dia de Ano Novo a RTP Informação estava a transmitir um documentário Françês sobre o trabalho infantil na Europa desde a instalação da crise em 2008.

Claro que as crianças não estavam acorrentadas nem coisa parecida mas em Nápoles, por exemplo, uns trabalham em padarias, pizzarias e mini-mercados, com a agravante de um absentismo escolar gritante, sendo que as crianças que se aventuram a ir para a escola, vão mal nutridas e sem lancheira; em Inglaterra, dois miúdos de 15 anos cada, sendo que um distribui leite porta a porta, dorme duas horas e depois vai para a escola; o outro estuda e trabalha no viveiro de plantas com o seu pai; na Bulgária uma menina de 14 anos ajuda o seu pai a colher folhas de tabaco e depois segue-se a escola.

À primeira vista podemos pensar que não é por este tipo de trabalho que o gato vai às filhoses; porém este é o tempo em que se exige trabalhadores altamente qualificados, se estas crianças desistirem da escola mesmo antes de completarem o liceu; de quem será a responsabilidade e qual será o futuro da Europa?
A responsabilidade é de todos – família, vizinho, comunidade e as PMEs familiares – porque estamos sempre à espera que o governo resolva tudo. Por exemplo, o pequeno comércio que emprega esses meninos (e paga salários da treta) deveria enviar mantimentos para as escolas da sua área; os vizinhos deveriam prestar mais atenção e ajudar a angariar fundos para que as escolas da sua comunidade sejam um local acolhedor; a família deveria aproveitar as crises para se reposicionar e não para pressionar os miúdos; os municípios deveriam zelar mais pela sua localidade e convidar os municípes a participar em duas quermesses anuais onde cada um pudesse contribuir à sua maneira.

O futuro será sombrio e desolador porque os parlamentares em Bruxelas dão-se ao luxo de legislar sobre a ilegalidade da prisão perpétua, em vez de pensar como combater o crime; perdem tempo, questionando-se incessantemente sobre os vôos secretos da CIA, em vez de se prepararem para agir atempadamente em caso de um ataque fulminante; produzem legislação para lixar quem queira começar um negócio na sua cozinha etc etc.
Senhores parlamentares da UE, em vez de apresentarem um plano credível para solucionar o resurgimento do trabalho infantil, no vosso quintal, as vossas energias estão direccionadas para bisbilhotar sobre os negócios de Israel na Samaria e Judeia; e em vez de darem dinheiro ao Hamas e à Autoridade Palestiniana, deveriam saber que ainda há escolas, por essa Europa fora, que  são do tempo da bufa e, manda o bom senso que se tenha em mente o seguinte ditado: a caridade começa em casa.

Les gens sont morts; donc, Bruxelles: sois en garde! 

Comentários

  1. Mas que programa para se transmitir no fim do ano, hein? De qualquer maneira, levantaste uma questão super pertinente: como é que a europa se atreve a preocupar-se com israel e a distribuir dinheiro pelos palestinianos quando tem crianças a morrer à fome em casa? Crianças cuja infância lhes está a ser roubada...parece que regredimos 100 anos!

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