O Sistema Bancário Português: Esperteza Saloia

Imagem tirada da Net
Os banqueiros Portugueses não gostam de tomar riscos, não têm criatividade financeira e já se esqueceram da verdadeira função de uma instituição bancária.

 Há duas coisas que me arrepiam “chez les banquiers” em Portugal :
  1.  O crédito à habitação: normalmente, os Bancos emprestam entre 70 e 75% do valor do imóvel; e depois “sugerem” um seguro da totalidade do mesmo, a favor do Banco. Então por que razão deverá o cliente continuar devedor em caso de perda (ou foreclosure) da propriedade? 
  2. As despesas de manutenção da conta: não percebo por que é que o banco, que lucra com os depósitos das pessoas, cobra compulsivamente uma taxa extra áquelas que sustentam o seu business. O que fariam os bancos se as pessoas começassem a guardar o dinheirito em casa?
A verdadeira função de um banco é receber depósitos e fazer empréstimos a um dado juro (donde advém o lucro tanto do depositante como do banqueiro) mas, hoje em dia, vemos que isto é uma pura quimera! Nos dias de hoje, um Banco é Agente Imobiliário, de Viagens, de Emprego, Numismático e Filatelista; Agente de Venda de Automóveis, Intermediário de Olarias e Vidreiras, Gestor Hospitalar, accionista de outros Bancos, da EDP (Electicidade de Portugal), da PT (Portugal Telecomunicações) e é ainda detentor dos Mass Media.

O recurso à diversificação (ou “brand extension”) por si só não é transcendental, até porque o capitalismo é a arte da oportunidade; mas a pseudo-ética do capitalismo português baixou consideravelmente de nível, uma vez que os Bancos conseguiram esmagar, sem complexos, os pequenos e médios empresários. E o que é que o Governo fez para proteger estes últimos? Nada.

O Povo português compreende a severidade da crise; tanto assim é, que está ordeiramente disposto a suportar todo o tipo de taxas, e alcavalas, que o governo se prontifique a exigir em nome da restauração da nação. Mas compreensão não é subjugação.

A forma de capitalismo que se pratica em Portugal é subjugadora.
Como se de um Obama se tratasse, o Primeiro Ministro Passos Coelho prometeu a mudança: redução da despesa para controlar o déficit, redução da divída, incentivo ao investimento privado para a criação de emprego, combate à corrupção...enfim, monstros no cabo das tormentas que sozinho (sim, ele que esqueça a camarilha na Assembleia da República) não vencerá se o Povo não estiver com ele.
Claro que Roma e Pavia não se fizeram num dia; claro que os acordos com a Troika devem ser cumpridos; e para isso temos os ministros da economia e das finanças. Mas tu, Passos Coelho, tens de mostrar que o Povo (o activo da nação) vem em primeiro lugar.
Logo, começa a mudar o rumo das coisas já – liberta o Povo do timão da promiscuidade e da esperteza saloia embutida no sistema bancário-empresarial Português! 

Comentários

  1. Olá Lenny!

    Bem-vinda ao Etnias: O Bisturí da Sociedade. Vejo que já começaste lindamente :D.

    O governo tem mesmo de mudar a lei: se o banco (ao invés de negociar com as pessoas e fazer um plano de pagamento que melhor se adeqúe às necessidades dos devedores) põe as pessoas na rua e lhes fica com o imóvel porque razão devem as pessoas, que perderam a casa/loja etc, continuar a pagar um empréstimo de algo que já não possuem?

    Quanto às despesas de manuntenção de conta: é um roubo. As pessoas se quisessem acabar com os abusos retirariam mesmo o dinheiro das instituições bancárias: aí queria ver de quem eles iriam abusar.

    "a pseudo-ética do capitalismo português baixou consideravelmente de nível, uma vez que os Bancos conseguiram esmagar, sem complexos, os pequenos e médios empresários."

    É isso mesmo...Lixaram, e bem, a economia nacional.

    "Mas tu, Passos Coelho, tens de mostrar que o Povo (o activo da nação) vem em primeiro lugar. Logo, começa a mudar o rumo das coisas já – liberta o Povo do timão da promiscuidade e da esperteza saloia embutida no sistema bancário-empresarial Português!"

    Muito bem *aplaudindo de pé*! Dá-me vontade de dizer: Ah, fadista!!

    Lenny Hannah, parabéns, adorei e adorei o post: muito obrigada por esta delícia política. Continua o bom trabalho :D.

    A um futuro brilhante aqui no Etnias: O Bisturí da Sociedade!

    Beijocas

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    1. Max, minha linda, muito obrigada pelo teu comentário. Até para a semana!
      Beijocas

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  2. Aqui no Brasil, os bancos fazem festa com as taxas bancárias. As diferenças entre eles chegam até cerca de 20% ( ou mais...). Devemos sempre lembrar que não importa se há crise financeira ou não, os bancos sempre lucram, sejam com juros exorbitantes ou essas malfadadas taxas, apesar da promiscuidade que fazem com o nosso dinheiro que lá depositamos.

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    1. Aparecido, o que me arrepia é a ganância desmedida pois o lucro é bom e é a base de uma economia saudável e sustentável. Mas o que mais me choca é a passividade dos governantes, claro que todos sabemos que quando deixam o poder os politícos vão a seguir trabalhar para os bancos ou multinacionais como conselheiros de qualquer coisa; mas caramba onde fica a decência e a defesa do povo perante a usurpação descarada?
      Obrigada pelo seu comentário.
      Os meus cumprimentos

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