AIP-CCI: O Patronato de Portugal

Imperador Franz I da Austria na sua coroação de Friedrich von Amerling

“Camaradas, camaradas, vamos trabalhar, vamos trabalhar!
Camaradas não tenham, medo do Patrão....”

Pois é...fui de visita ao site do patronato e fiquei a conhecer as suas ambições:
a) “(..) auscultam e identificam-se com os desígnios de um ‘mundo em mudança’, conducentes a vencer, de uma vez por todas, o défice de criação de riqueza,(..)”
b) “assumem-se como parceiro económico nacional,”                                                
c) Apoiam “prioritariamente as Pequenas e Médias Empresas, com relevância para a produtividade, inovação, competitividade, fomento do empreendedorismo e, bem assim, o seu redimensionamento” etc etc.

Estas palavras da AIP-CCI (Associação da Indústria Portuguesa-Câmara do Comércio e Indústria) são no minímo hilariantes.
Digam-me, que parceiro social é esse que cada vez que o seu Presidente aparece na televisão é para desfiar um rosário contra tudo e contra todos, com aquela voz anasalada (que não há quem aguente)? Ora o IRC (imposto sobre empresas de 31,5%) é altissímo [dâh]; ora o IVA passa a vida a aumentar [affreux]; ora as leis laborais não ajudam [são anti-globalização]; ora são os trabalhadores que são mal qualificados [anedótico]; e, por fim, o patronato é uma mais valia incompreendida pelos portugueses [típico].
É óbvio que em todos os ontens, o mundo mudou e continuará a mudar (isto é o ABC do conhecimento), para entendê-lo não é necessária formação alguma e se os patrões não se consciencializarem disto, o défice de criação de riqueza transformar-se-á de uma vez por todas em défice de capacidade intelectual: imaginem só!

Produtividade...ah...essa pandemia lusitana! Já sei, o patronato culpará a fraca prestação dos trabalhadores; só que esta maleita fostes vós que a trouxestes para o seio das vossas empresas, porque soís retrógados e não andais de mãos dadas com a alínea a). Quem é que no seu perfeito Ser consegue elevar-se, além de si, para criar riqueza a um patrão que o recompensa com uns amargos €485 tendo ele €490 de despesas mensais?
Caros Patrões, parem com a choradeira encenada, não me cansem mais e, aqui vai a solução para a alínea c):
  • Façam entender a cada trabalhador que ele é o garantor da empresa, porque o negócio estará sempre ali tanto para ele como para os seus descendentes
  • Convidem cada trabalhador não só a produzir o triplo do que ganha, como também a ser um anunciante e vendedor do produto final
  • Não antagonizem os sindicatos [já que têm de conviver com eles]
  •  Tratem os trabalhadores como um activo [i.e. a formação é da responsabilidade do patrão; pois, só este é que sabe o que pretende dos seus assalariados]
  • Salário minímo: €1000.

E, por favor, não comecem já a relinchar. Esqueçam os economistas de Bruxelas e os “sabe tudo”; porque com €1000 o trabalhador sentir-se-á compelido a defender o seu ganha-pão; o poder de compra e a procura aumentarão; criar-se-ão novas formas de negócio; criar-se-ão mais postos de trabalho; haverá menos necessidade de recorrer a subsídios, logo, não se verificarão os assaltos ao erário público e, haverá mais receita para o estado.

O patronato quer mesmo atingir os objectivos a) e c) sem ter de esperar mais outros 175 anos? Então, meus senhores, façam o favor de os ter no sítio! 

Comentários

  1. Não estou totalmente de acordo, como passo aexplicar. Seria óptimo que todos os que hoje ganham o salário mínimo (475) merecessem os 1000. No grupo daqueles, haverá eventualmente, quem mereça até mais de 1000. Aumentar o salário a todos para ter os que querem trabalhar, a produzir por eles e pelos que só querem emprego, seria uma exploração para os que querem trabalhar. Vamos aumentar o nível do salário sim senhor, mas para quem quer trabalhar.
    O nosso País merece que quem trabalha ganhe bem, para elevar o nível de vida.

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    1. Victor muito obrigada pelo seu comentário. Se calhar não me fiz entender apropriadamente: os €1000 a que me refiro são como salário minímo nacional; Ok?
      Numa empresa moderna a linha de comando é generosa mas assertiva, e como neste mundo não há pão para malucos; todo o peso morto ou parasita, deve ser tratado como está a pedi-las i.e. marcado com ferro quente que leia: "pronto para subsídio de desemprego"!
      Espero que volte!

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  2. "Camaradas, camaradas, vamos trabalhar, vamos trabalhar! Camaradas não tenham, medo do Patrão...."

    Mas quem é que pode trabalhar? O patronato enriquece (sim, porque verdade seja dita: se aparecem nas revistas como os Mais Ricos de Portugal, devem-no em parte áqueles que ajudam a gerar a sua riqueza) à custa dos trabalhadores e nem sequer reconhecem o seu valor. Depois temos os sindicatos que parecem mais trabalhar para si do que para aqueles cujos direitos deveriam proteger.
    Nunca entendi o AIP-CCI. Agora que li os seus objectivos não vejo o fruto dos mesmos. Olha, Lenny, são como a imagem que acompanha este artigo: reis sentados no trono, crentes que controlam toda a gente só porque "a gente da minha terra" ainda não se apercebeu de que quem, na verdade, detém o poder é ela.

    Só tenho uma palavra para descrever este artigo: fabuloso!

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    1. Ana,minha cara, sempre tão directa!
      Sou capitalista e de direita social-iluminada; o lucro é música para os meus ouvidos, visto representar um avanço social dos seus criadores e ao mesmo tempo significa desenvolvimento comunitário. O broxante na classe dos patrões portugueses é a falta de visão periférica i.e. no fim do ano "after taxes e deductions" os patrões além de quase nunca reinvestirem no seu negócio, desconhecem a cultura do dízímo; uma boa maneira de beneficiar a sua localidade e bonificar todos os fiéis depositários(trabalhadores) da sua empresa.
      Assim, elevar-se-ia o sentido do dever por parte da comunidade num todo, reduzir-se-iam as bolsas de pobreza e qui ça o governo baixaria O IRC para 25%: ah...sou eu a pensar alto!

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  3. Olá Lenny,

    Ó Santo Pai: este começo lembra-me a esquerda nada-iluminada.
    Os objectivos deste "clubes dos empresários" parecem ser dignos; mas de que vale ter objectivos se pouco se faz para os atingir?

    "Digam-me, que parceiro social é esse que cada vez que o seu Presidente aparece na televisão é para desfiar um rosário contra tudo e contra todos, com aquela voz anasalada (que não há quem aguente)?"

    LOL LOL LOL realmente, não há pachorra. A culpa recai sempre num factor externo ao "clube" - nevermind, se eles devessem ter criatividade; esqueçam, o ter de evoluir com os novos tempos...a culpa não é nada dos membritos do "clube" que tudo o que fazem é pavonearem-se nas televisões e jornais (tal qual celebridades do pseudo-jet set nacional) a cuspir disparates e a praticar a vitimização. Ils me font honte!

    Apoio os €1000 de salário mínimo nacional.

    Então, esta semana não se evoca o PM Passos Coelho?

    Parabéns, Lenny: adorei, adorei e adorei.

    Beijocas

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  4. Olá Max,
    Obrigada pelo teu precioso comentário. Ó pá esta semana decidi não evocar o PM Passos Coelho, não que ele me esteja a ignorar (one can only hope), nem que eu esteja a ser linient (but he should brace himself) estou a dar-lhe tempo para que ele interiorize os pedidos prévios; mas...yah p´ra semana re-martelarei.LOL LOL LOL
    Beijocas

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