(des)Crédito


Recentemente ouvimos falar do surto de E.Coli na Alemanha, responsável pela doença de mais de 1.000 pessoas (e pela morte de mais de uma dúzia). 
Apontou-se o dedo aos pepinos espanhóis (e pela maneira como o assunto foi tratado, dir-se-ia que a Alemanha estava a declarar guerra económica a Espanha - afinal de contas, esta perdeu $290 Milhões/semana em exportações, desde o início do surto). 
Claro que agora o alerta, contra os produtos espanhóis, foi cancelado; não obstante o estrago já foi feito (tanto económico como diplomático). 

O que é mais curioso é que Espanha é uma das nações que permanecem sob vigilância, sob pena que caia na mesma situação periclitante que a Grécia, Irlanda e Portugal.
É quase inacreditável que alguém quisesse ver a Espanha a mendigar por um bailout, visto tratar-se da quarta economia da Europa. Um bailout à Espanha significaria que a UE teria que desembolsar algo como €440 mil milhões. Será que a Europa tem dinheiro para isso?
Segundo a BBC, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (financiado pelos membros da Zona Euro) vale algo como €440 mil milhões; e o Mecanismo de Estabilidade Financeira Europeia (financiado por um grupo mais alargado de nações Europeias, incluindo o Reino Unido) vale €37.5 mil milhões.

A trama começou em 2010, quando a Grécia deixou de ser capaz de conseguir crédito para pagar as suas dívidas. Logo um termo polémico começou a ser re-utilizado - "PIGS" [nuances da tradução: Porcos, marranos] - para se referir ao alvo estratégico: Portugal, Itália, Grécia e Espanha. 
Para além deste, temos ainda outro acrónimo curioso - PIIGS - que incluí a Irlanda, mas desconfio que este termo tenha sido criado para desviar a nossa atenção da verdade: a Irlanda é um teste (já que a nação Celta serve de termo de comparação com os PIGS [marranos]). 
Aproveitando-se das crises políticas e orçamentais dos países mencionados, certos grupos lançaram uma campanha histérica com um único propósito: o de pressionar os PIGS de modo a levá-los a contrair empréstimos para cumprir as suas obrigações. 
A Grécia aceitou de imediato um bailout; Portugal resistiu mas acabou por ceder à pressão e, este ano, finalmente aceitou a esmola caríssima. Itália fez-lhes o manguito e agora Espanha tornou-se o alvo principal. 

O fedor da inveja e do medo impestou a fraternidade. 
A Bela (Paris) e o Monstro (Alemanha) temem o poder do Sul da Europa. Os PIGS [marranos] já controlaram o intelecto, a política, a economia, a arte, a ciência e os descobrimentos tecnológicos do Velho Continente; e (aliados à Grã-Bretanha) controlaram o mundo, literalmente. 
Com a sua inclinação para inventar, descobrir, conquistar e matarem-se a trabalhar imaginem o que eles não seriam capazes de fazer no século XXI. 
Logo, era vital impedi-los de avançar. 

Comentários

  1. Max,

    Deixei um comentário no seu blog em Inglês; e achei por bem repeti-lo em Português.

    Antes e tudo; adoro uma boa teoria da conspiração e por isso congratulo-a por um trabalho bem feito!
    Se olharmos para os países PIGS, veremos que quando a crise começou os seus governos eram socialistas (excepto a Itália; mas também poderá ter sido esse o motivo pelo qual esse país foi deixado em paz por uns tempos; mas agora que o PM Berlusconi, il Cavaliere, está a perigo [já que o seu partido foi severamente derrubado nas autárquicas] a Moody's já está a considerar cortar o rating de crédito de Itália; querendo isto dizer que está aberta a caça); logo poderíamos pensar que a Europa (que tem virado à Direita, nos últimos anos) está mas é a declarar guerra à esquerda.
    Ao causar problemas macro-económicos nesses países, forçosamente causam descontentamento social e político, que irá resultar na queda de governos de esquerda (o objectivo final).

    Quanto à Irlanda: dá mesmo a impressão de ser um teste de stress, não dá? Sempre que se deseja testar o sucesso dos PIGS, começa-se pela Irlanda; se se quiser testar o seu fracasso, eis a Irlanda para servir de termo de comparação. Contudo, neste caso, a Grécia foi a primeira a cair e só depois é que se seguiu a Irlanda; então diga-me...o que aconteceu?

    De qualquer maneira, os PIGS poderão vir a ser PIIGS (se a Itália não fizer o manguito aos conspiradores lol).

    Olhe, uma comentadora sua no MAX falou exactamente da nuance "Marranos" e foi mais longe ao referir-se aos Sefarditas (ela insinuou tratar-se de uma perseguição ao poder económico sefardita). Bem, o comentário foi entregue num tom jocoso (a meu ver) mas a ideia não deve ser totalmente descartada; e acho que a Max também pensou no mesmo, senão não teria traduzido o termo PIGS.

    Até à próxima!

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  2. Olá Celeste,

    "Deixei um comentário no seu blog em Inglês; e achei por bem repeti-lo em Português."

    Esteja à vontade :D.

    "Antes e tudo; adoro uma boa teoria da conspiração e por isso congratulo-a por um trabalho bem feito!"

    Muito obrigada.

    "Se olharmos para os países PIGS, veremos que quando a crise começou os seus governos eram socialistas (excepto a Itália; mas também poderá ter sido esse o motivo pelo qual esse país foi deixado em paz por uns tempos; mas agora que o PM Berlusconi, il Cavaliere, está a perigo [já que o seu partido foi severamente derrubado nas autárquicas] a Moody's já está a considerar cortar o rating de crédito de Itália; querendo isto dizer que está aberta a caça); logo poderíamos pensar que a Europa (que tem virado à Direita, nos últimos anos) está mas é a declarar guerra à esquerda."

    Faz sentido. É uma boa análise.

    "Ao causar problemas macro-económicos nesses países, forçosamente causam descontentamento social e político, que irá resultar na queda de governos de esquerda (o objectivo final)."

    Realmente é uma maneira de o fazer, sem dúvida.

    "Quanto à Irlanda: dá mesmo a impressão de ser um teste de stress, não dá? (..) Contudo, neste caso, a Grécia foi a primeira a cair e só depois é que se seguiu a Irlanda; então diga-me...o que aconteceu?"

    O que aconteceu é que rebentou a bolha criada pela Grécia e a Goldman Sachs (esta ofereceu uma espécie de segunda hipoteca, fora dos livros, à nação Helénica para que esta pudesse dar sinais de riqueza [podendo entrar assim para o euro] e dar a impressão de que controlava os níveis de dívida, de forma a obedecer aos severos regulamentos da UE); e a União Europeia não contava com isso. Acho que eles nunca o previram (talvez cegos pelo desejo da implementação da moeda única). Ou isso, ou então...se é que entende.

    "De qualquer maneira, os PIGS poderão vir a ser PIIGS (se a Itália não fizer o manguito aos conspiradores lol)."

    LOL LOL realmente...

    "Olhe, uma comentadora sua no MAX falou exactamente da nuance "Marranos" e foi mais longe ao referir-se aos Sefarditas (ela insinuou tratar-se de uma perseguição ao poder económico sefardita). Bem, o comentário foi entregue num tom jocoso (a meu ver) mas a ideia não deve ser totalmente descartada; e acho que a Max também pensou no mesmo, senão não teria traduzido o termo PIGS."

    Tem razão. Ao traduzir o termo PIGS quis dar a entender que pudesse haver uma perseguição ao poder económico Sefardita. Já aconteceu no passado. Vou mais longe ao dizer que a Europa arranja sempre maneiras criativas de expressar a inveja que tem do poder económico Judaico.

    Celeste, muito obrigada pelo seu super comentário: amei :D.

    Um abraço

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