O Preço da Vaidade



Amar-se a si próprio é vital para se amar o próximo; contudo amour propre excessivo é um desvio de carácter, tão detestável quanto o egocentrismo (primo do narcisismo).
As pessoas deveriam colocar em prática a beleza de carácter, de espírito; não obstante muitos concentram-se tanto na ociosidade que muitas vezes esquecem a razão pela qual foram colocados na terra: para embelezar a enorme tela que é o mundo e, colocar ao serviço dos outros a sua beleza interior.
As pessoas que sofrem da síndrome de Narciso parecem ser um desperdício de ar e tempo.
O preço deste tipo de vaidade: comiseração.

Não há nada de errado em orgulhar-se de si mesmo e dos seus sucessos. Mas há pessoas que insistem em se vangloriar. Obviamente escolhem ignorar o simples adágio “Nunce te vanglories!” e, por isso, gabam-se a toda a gente que conhecem, a toda a gente que encontram. Ao lado da vanglória caminha o exagero: de repente a sobre-estima é o nome do jogo (faz-se uma tarte de verdades e mentiras; que nem sequer é deliciosa). As pessoas começam a desgostar destes indivíduos; alguns irão até detestá-los e armar contra eles...sim, esta é a consequência, o preço, deste tipo de vaidade: ostracismo gradual.

O culto à futilidade é a nova religião.  As pessoas parecem ambicionar serem fúteis, superficiais, vazias. O seu id egoísta produz necessidades vãs, desejos vãos, ânsias vãs e vontades vãs. O seu intelecto fabrica argumentos vãos, teorias vãs, opiniões vãs e objectivos vãos. A sua boca vomita conversas vãs, explicações vãs, desculpas vãs e vã auto-comiseração.
O preço deste tipo de vaidade é: desprezo.

Um toucador pode ser uma peça de mobiliário interessante, mas até este objecto inanimado pode dar à luz o pior nas pessoas: tudo começa quando um indivíduo se senta à frente dele para verificar a sua aparência, e, quem sabe, retocá-la; depois o ser olha-se profundamente nos olhos (logo, viajando pelo universo das memórias;  trazendo à tona todos os desapontamentos do passado e assuntos por resolver) e, claro, aí começa a trama; monta-se uma estratégia e detalhes vãos são expulsos da mente.
O preço deste delicado objecto de vaidade: retribuição.

Estaremos prontos a pagar a taxa sobre o preço da vaidade?


Imagem: Narciso de Benczur

Comentários

  1. Como tudo em excesso, a vaidade não faz bem!Reflexivo texto!abração,chica

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  2. Max Coutinho, este seu texto é soberbo, muito bem escrito, e deveria ser editado pelo mundo a fora, pois trás a palavra certa e bem escrita na proposta do tema.
    Meus cumprimentos, resta-me sim, ser uma seguidora deste espaço,
    Efigênia Coutinho
    in New York

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  3. Mas bah, Max.
    Acredito que dos pecados capitais, a vaidade é o mais grave, o pior!
    Por outro lado, beleza é ferramenta de sucesso, quando as belezas interior e exterior andam de mãos dadas é ótimo! O problema surge quando inutilidade e futilidade dão-se as mãos!
    Mantenho minha opinião; seus textos são INSTIGANTES!
    Abração;

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  4. Olá Efigénia :D!

    Bem-vinda ao Etnias :D!

    "Max Coutinho, este seu texto é soberbo, muito bem escrito, e deveria ser editado pelo mundo a fora, pois trás a palavra certa e bem escrita na proposta do tema."

    Muito obrigada *vénia*!

    "Efigênia Coutinho in New York"

    Hmm temos o mesmo nome de família! E Hello NY :D!

    Efigénia, espero ver-te mais por aqui será um prazer :D! E visitarei o teu site (se tiveres um)!

    Abração e obrigada pela visita

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